O liberalismo ou o pensamento liberal é uma doutrina da filosofia política cujo aspecto fundamental é a defesa da liberdade individual e das iniciativas privadas, limitando assim os poderes do Estado e seus poderes públicos no exercício social, econômico e cultural das sociedades.

1. O que é liberalismo?

O liberalismo é um modelo de pensamento oposto ao socialismo e ao conservadorismos, defendendo as liberdades civis e econômicas como base do Estado de Direito e do pacto de convivência social. Nesse sentido, a liberdade é indispensável para a formação do pensamento democrático e para a separação de poderes.

Democracias inspiradas em ideais liberais dominaram o Ocidente desde sua criação no século XVIII, quando a abstração herdada dos tempos feudais foi posta em prática e o poder estatal estava condicionado às leis de uma Constituição.

No entanto, durante a segunda metade do século XX, as correntes liberais defendiam o livre mercado econômico e a ascensão do capitalismo, de modo que normalmente têm sido associadas com os setores de direita (conservadores) da sociedade. Porém, há liberalismo de várias vertentes políticas e diferentes aspirações econômicas e sociais.

2. Origem do liberalismo

O pensamento liberal vem do trabalho do médico e filósofo inglês John Locke (1632-1704), primeiro na história a desenvolver uma filosofia liberal adequada, consagrando a propriedade privada como um direito e o consentimento do governado como princípio fundamental.

Esta primeira doutrina é conhecida como "liberalismo clássico", para distingui-la das correntes que vieram em seguida.

3. Pilares do liberalismo

Os preceitos fundamentais do liberalismo são:

  • Os seres humanos são autoridades racionais. E, como tal, eles têm direitos inalienáveis e a capacidade de escolher por si mesmos. Isso se traduz no direito de levar a vida privada como preferirem, coberto pelos três "direitos naturais" de Locke: vida, liberdade e propriedade privada.
  • Os governados devem consentir em comandar. Ou seja, os cidadãos têm o direito de decidir como são governados sem influenciar seus assuntos privados, e a autoridade política será apenas o consenso majoritário sobre isso.
  • O Estado de Direito. Garante a igualdade perante a lei de governantes e governados, para que ninguém possa usar o poder para quebrar as regras do jogo político.

4. Liberdades individuais

Para o liberalismo a liberdade é um dos principais eixos da vida política, o que implica diversos aspectos sociais e culturais, como liberdade de culto, liberdade de pensamento, de expressão, associação e imprensa, cujos limites devem ser, precisamente, as liberdades fora do indivíduo. Em outras palavras, somos livres para fazer o que queremos desde que não ferimos os direitos dos outros.

5. Individualismo

O liberalismo coloca os direitos e liberdades individuais acima dos coletivos, uma vez que considera o indivíduo como uma única pessoa primordial e em pleno exercício de suas próprias liberdades.

6. Propriedade privada

Outro preceito fundamental do liberalismo é a propriedade privada, como um direito que deve ser garantido por lei e cuja transmissão ou troca deve estar sujeita às leis e regulamentos públicos.

7. Códigos legais

Os diversos aspectos sociais e econômicos da vida, segundo o liberalismo, devem ser regulados por portarias, códigos, leis e outros textos de natureza jurídica que são comumente aceitos e que são obedecidos em todos os casos possíveis, sem distinção. Os conflitos e interpretações corresponderão, a este respeito, às assembleias, congressos e instituições pertinentes.

8. Tipos de liberalismo

O liberalismo é comumente considerado com base em dois aspectos separados:

  • Liberalismo social: O liberalismo social aplica-se à vida política dos indivíduos, tomando o poder do Estado em sua eventual intromissão na vida privada das pessoas, desde a não regulação do casamento até a liberalização da educação. Existem diferentes correntes com pontos de vista sobre cada tema.
  • Liberalismo Econômico: O liberalismo econômico, por outro lado, tem a ver com o desenvolvimento material dos indivíduos, que corresponde à iniciativa privada e livre, com o menor número possível de intromissões estatais, como impostos, regulamentos, etc.

Duas correntes antagônicas são frequentemente identificadas no liberalismo: aquela promulgada por Jeremiah Bentham e a defendida por Wilfredo Pareto. Ambos os lados discordam sobre como entender a satisfação social dos indivíduos.

O modelo benthamiano propõe uma avaliação homogênea dos princípios de satisfação para todos os homens, com base no fato de que suas necessidades são mais ou menos as mesmas em essência. Enquanto para o parentianismo, a satisfação de um indivíduo é incomparável com a de outro e, portanto, não pode ser medida ou quantificada.

9. Neoliberalismo

O neoliberalismo ou o novo liberalismo foi uma filosofia econômica e política capitalista inventada e colocada em prática durante as décadas de 1970 e 1980, e cuja doutrina propôs a desregulamentação do mercado, a minimização estatal e a privatização de bens e serviços públicos, bem como o encolhimento da presença estatal na sociedade.

É uma tendência para a qual grandes reprovações são feitas, como ter empobrecido ainda mais o Terceiro Mundo, mas que ainda goza de inúmeros seguidores.

10. Principais autores

Alguns dos principais pensadores sobre o liberalismo como doutrina são John Locke, Barão de Montesquieu, Adam Smith, Jeremy Bentham, Benjamin Franklin, Edmund Burke, Max Weber, José Ortega e Gasset, Karl Popper, Ayn Rand, entre outros.