Apesar de 2018 ter sido um grande ano de descobertas espaciais, o ano de 2019 também não ficou para trás. O ano passado também foi de muitas descobertas, entretanto, são pouco conhecidas pela maioria das pessoas. Claro, que algumas notícias sobre o novo programa da NASA para retornar à Lua é de conhecimento geral, pois, foi amplamente divulgada. Mas outras notícias igualmente importantes, acabaram não tendo o mesmo nível de divulgação, como por exemplo, a descoberta de água em um exoplaneta com zona habitável. Neste artigo, você vai conferir 10 descobertas espaciais do ano passado que você não ficou sabendo.

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10 Descobertas espaciais do ano passado que você não ficou sabendo

10. A Lua está dentro da atmosfera terrestre

Quão alto são os limites do nosso planeta? Muitas organizações ao redor do mundo argumentam que essa altura corresponde a um limite imaginário chamado Linha Kármán. Esse limite artificial estabelece que o espaço sideral começa a cerca de 100 Km de altura. Ao mesmo tempo, muitos de nós provavelmente foram ensinados que a camada mais alta da atmosfera, a exosfera, se estende até cerca de 10.000 Km da superfície terrestre.

Em fevereiro de 2019, cientistas do Instituto de Pesquisas Espaciais da Rússia publicaram um artigo confirmando a maior distância até a qual a atmosfera da Terra se estende. Para fazer isso, os pesquisadores analisaram dados do Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), uma espaçonave lançada pela ESA e pela NASA há mais de duas décadas. Na definição mais técnica, nossa atmosfera faz contato com o espaço sideral ao longo de uma área cheia de átomos de hidrogênio chamada geocorona. Com base nos dados obtidos pela sonda SOHO, os cientistas agora foram capazes de determinar que a geocorona da Terra se estende até 630.000 Km, cerca de 50 vezes o diâmetro da Terra.

Em comparação, a Lua está a cerca de 384.000 Km da Terra. Então, em termos literais, a Lua está localizada dentro da atmosfera da Terra. Os pesquisadores responsáveis ​​pela descoberta dizem que isso pode afetar o desempenho dos telescópios espaciais ao tentar observar com precisão a composição química de outras estrelas e galáxias. Portanto, o fator de ter uma atmosfera tão grande deve ser levado em consideração no futuro.

9. Velas solares funcionam de verdade

Quando partículas de luz chamadas fótons atingem a superfície de um objeto no espaço, elas "empurram" levemente o objeto e o fazem se mover em uma determinada direção. Esse fato permite que uma espaçonave equipada com uma estrutura reflexiva chamada vela solar se mova pelo espaço, graças ao impulso fornecido pelos fótons emitidos pelo sol.

Para se ter uma idéia, imagine um veleiro sendo impulsionado pelo vento, mas no espaço sideral. Em julho do ano passado, a Planetary Society anunciou que seu satélite movido a vela solar, conhecido como LightSail 2, alcançou com sucesso uma órbita estável ao redor da Terra usando apenas a energia do Sol. Em 23 de julho, quase um mês após o lançamento no espaço, o satélite de 5 kg desdobrou sua vela solar sem problemas e a virou em direção ao Sol. Em 31 de julho, a sonda atingiu um ponto dois quilômetros mais alto em sua órbita, algo que a organização disse que só era possível devido ao impulso que o satélite recebeu do Sol.

Assim, o LightSail 2 se torna a primeira nave espacial a vela solar em órbita ao redor da Terra. Também se tornou a segunda nave espacial impulsionada por uma vela solar, depois que o Japão lançou uma tecnologia semelhante em 2010.

8. Saturno, o planeta com maior número de Luas

Em outubro de 2019, Júpiter deixou de ser o planeta com maior número de Luas (possui 79). Pesquisadores americanos usaram o poderoso telescópio Subaru no Havaí para analisar pontos brilhantes observados perto de Saturno. Esses objetos já haviam sido detectados entre 2004 e 2007, mas só agora os cientistas conseguiam identificar suas órbitas. Dessa forma, a equipe conseguiu confirmar 20 novas luas em torno de Saturno, elevando o número total de satélites naturais naquele planeta para 82.

Todas as luas encontradas na órbita de Saturno têm cerca de cinco quilômetros de diâmetro e provavelmente se originaram após a fragmentação de uma lua maior em torno de Saturno no passado. Os 20 satélites receberão nomes de gigantes das mitologias nuit, nórdica e gaulesa.

Agora, os pesquisadores esperam entender melhor a formação de Saturno, graças a essas luas. Mas eles também esperam descobrir mais luas. Quando os telescópios da próxima geração entrarem em operação, será possível descobrir luas muito menores em torno desses planetas distantes.

7. Pantações em Marte e na Lua

Pesquisadores da Wageningen University & Research (Holanda) decidiram testar a capacidade produtiva dos solos em Marte e na Lua. Seu objetivo era saber se a opção de plantar e cultivar será possível quando as bases forem instaladas nesses corpos celestes no futuro. Para realizar o experimento, os pesquisadores usaram simuladores de solo marciano e lunar desenvolvidos pela NASA, com algum material orgânico adicionado. Nesses solos, eles plantaram dez espécies diferentes de plantas, de ervilhas a tomates. Cerca de cinco meses depois, a equipe analisou as lavouras e observou que, com exceção do espinafre, os outros nove tipos de plantas cresceram bem nos dois solos.

De fato, partes comestíveis das plantas poderiam ser coletadas, enquanto suas sementes recém-produzidas se mostravam viáveis ​​- ou seja, elas deram à luz novas plantas. Obviamente, qualquer colheita na superfície marciana real enfrentará outros desafios, como temperaturas extremas ou a radiação recebida. Como esses problemas podem ser resolvidos? Outro estudo publicado em julho afirma que a resposta está em um material leve chamado aerogel de sílica. Esse material permite o acesso à luz e aumenta a temperatura por baixo, mas não permite a passagem de radiação prejudicial. Portanto, um fino escudo de aerogel de sílica pode ser colocado em regiões ricas em gelo de Marte, para que o calor no interior derreta a água fazendo com que as plantas possam sobreviver lá.

6. Relação do vinho com o espaço

Os cientistas parecem ter encontrado uma maneira de manter os astronautas em boa forma e não, não estamos falando de exercícios físicos. Estamos falando do vinho tinto, bebida alcoólica milenar e muito consumida no mundo todo. Segundo os pesquisadores, o vinho pode proteger a saúde de uma pessoa durante vôos espaciais de longa duração, tudo por conta de suas propriedades.

Devido à falta de peso, o corpo humano pode perder grande parte de sua massa muscular após algumas semanas no espaço. Em futuras missões a Marte, por exemplo, devemos lembrar que levaremos nove meses para chegar ao planeta. Portanto, a perda muscular em astronautas durante uma missão interplanetária é uma coisa certa.

Mas pesquisadores da Universidade de Harvard descobriram que um antioxidante chamado resveratrol pode impedir a perda óssea e muscular em humanos. O composto químico é encontrado em uvas, vinho tinto e até chocolate. Como um experimento, os ratos foram suspensos no ar com correntes para simular a baixa gravidade de Marte. Durante duas semanas nessas condições, os ratos receberam pequenas quantidades diárias de resveratrol. No final das duas semanas, os pesquisadores analisaram os ratos e descobriram que sua massa muscular era quase a mesma que em condições normais de gravidade.

Por outro lado, os ratos que também foram suspensos, mas não receberam o resveratrol, sofreram atrofia muscular significativa. A equipe acredita que a eficácia do resveratrol para preservar a saúde na ausência de peso deve-se às suas propriedades anti-inflamatórias e anti-diabéticas. O próximo passo na pesquisa será determinar quanto do composto é necessário para manter um astronauta em sua melhor forma.

5. Os primeiros terremotos em Marte

Além de entender a natureza dos terremotos em nosso planeta, os cientistas sabem da existência de terremotos em outras partes do universo. Por exemplo, milhares de tremores foram detectados na Lua por décadas. Mas em Marte, as coisas são bem diferentes. Há bilhões de anos, o interior do Planeta Vermelho esfriou e a atividade geológica nas camadas externas diminuiu consideravelmente. Isso, combinado com a falta de placas tectônicas dinâmicas e um campo magnético, fez de Marte um planeta desolado e quase morto durante os últimos bilhões de anos.

No entanto, Marte não parece estar completamente morto. Em novembro de 2018, uma sonda da NASA chamada InSight pousou no planeta vermelho, com o objetivo de analisar seu interior. No dia 06 de abril de 2019, foi detectado detectar o primeiro terremoto em Marte, vindo de baixo da superfície do planeta. Esse tremor foi mais poderoso do que outros "marsquakes" detectados pela sonda nas semanas anteriores.

Segundo a equipe encarregada da missão, esses terremotos representam a primeira grande evidência de que Marte ainda é geologicamente ativo. Além disso, em meados de dezembro de 2019, os pesquisadores confirmaram a descoberta da primeira zona sísmica ativa em Marte, uma área chamada Cerberus Fossae.

4. O Primeiro Cometa Interestelar

Há dois anos, a comunidade científica conheceu o primeiro objeto interestelar observado em nosso Sistema Solar, o asteróide 'Oumuamua'. Mas em 2019, um segundo objeto interestelar foi descoberto. No dia 30 de agosto, um astrônomo chamado Gennady Borisov descobriu um cometa com o equipamento de um observatório na Crimeia. Posteriormente, a NASA e a Agência Espacial Européia (ESA) concentraram sua atenção no objeto. Ao estudar sua trajetória e velocidade, os cientistas finalmente entenderam que o cometa, chamado 2I / Borisov, vem de outro sistema estelar.

Incrivelmente, as propriedades deste cometa são muito semelhantes às dos cometas do nosso próprio Sistema Solar. Logo foi determinado que 2I / Borisov é composto por um núcleo de gelo cercado por uma nuvem de poeira e gás, confirmando sua natureza cometária. Agora sabemos que o núcleo do cometa tem cerca de 1 Km (0,6 milhas) de diâmetro. Nos meses de outubro e novembro, várias agências e observatórios tiraram fotografias detalhadas do cometa durante sua passagem pelo Sistema Solar interno.

3. Água encontrada em um exoplaneta

Esta foi sem dúvidas, uma das descobertas mais incríveis de 2019. Pesquisadores após grandes esforços, conseguiram encontrar água em um exoplaneta localizado na zona habitável. O planeta em questão é chamado K2-18b e está localizado a 110 anos-luz de distância da Terra.

Ao observar o planeta enquanto passava diante de sua estrela, um grupo de pesquisadores da Universidade de Montreal (Canadá) conseguiu analisar a atmosfera do K2-18b. Em setembro, essa equipe e outro grupo de cientistas da University College London (Inglaterra) publicaram artigos independentes sobre suas observações do exoplaneta. Na primeira vez em um exoplaneta de zona habitável, as equipes concluíram que o K2-18b possui vapor de água em sua atmosfera, mesmo na forma de nuvens. Isso não significa que o planeta seja realmente habitável. K2-18b é nove vezes mais massivo que a Terra e foi descrito como uma espécie de mini-Netuno com uma espessa atmosfera de hidrogênio.

No entanto, essa descoberta prova que pequenos exoplanetas semelhantes à Terra já podem ser analisados ​​em detalhes em nosso tempo, o que nos aproxima da possibilidade de encontrar vida fora do nosso Sistema Solar.

2. A Via Láctea está Deformada

Até o momento, o que se tinha sobre o formato da Via Láctea é que a nossa galáxia é plana e em formato de disco. Agora, uma equipe de pesquisa da Universidade de Varsóvia (Polônia), decidiu medir a distância entre nosso Sol e mais de 2.400 estrelas em nossa galáxia, estrelas jovens de brilho variável, conhecidas como Cefeidas. Com esses dados, a equipe conseguiu criar um dos mapas 3D mais precisos da Via Láctea até o momento. Os resultados da pesquisa foram surpreendentes.

Enquanto o centro de nossa galáxia é efetivamente plano, as regiões que começam aproximadamente a partir da órbita do Sol, dobram-se cada vez mais à medida que se aproxima das bordas externas. Dessa maneira, a Via Láctea é distorcida, com um lado apontando para cima e o outro afundando na direção oposta. Simplificando, nossa galáxia é dobrada em forma de S.

É a primeira vez que os cientistas conseguem usar medições diretas da distância entre o Sol e outras estrelas. Mas não era uma tarefa simples; eles levaram seis anos para concluir essas medições. A respeito de por que a galáxia está deformada, os pesquisadores acreditam que pode ser devido a uma colisão entre a Via Láctea e outras galáxias menores em um passado distante.

1. O universo está se expandindo mais rápido

Não é nenhuma novidade que o nosso universo está se expandindo. Entretanto, não era esperado que isso acontecesse com tanta rapidez. Nós sabemos há muito tempo que o universo está se expandindo. As galáxias parecem se separar uma da outra a uma taxa de expansão que os cientistas tentam conhecer há décadas. Essa taxa é muito importante, pois sabendo a velocidade com que o cosmos se expandiu do Big Bang até os dias de hoje, é possível calcular a idade aproximada do universo. O estudo mais aceito diz que o universo tem aproximadamente 13,8 bilhões de anos.

Entretanto, um novo estudo realizado em abril de 2019, questiona o resultado do estudo anterior. De acordo com observações de estrelas em galáxias vizinhas feitas pelo telescópio Hubble, uma equipe de pesquisa concluiu que o universo está se expandindo 9% mais rápido do que se pensava até agora. Segundo essa estimativa, o universo tem 12,5 bilhões de anos. Outros pesquisadores também pensaram que essa discrepância aponta para uma era cósmica mais curta.

Afinal, uma taxa de expansão mais rápida significaria que o universo levou menos tempo para se tornar como é hoje. Uma equipe de cientistas de três continentes anunciou em setembro que suas novas observações dão ao universo uma idade de alguns bilhões de anos a menos do que se pensava anteriormente. Mas a verdade é que o dilema de um universo em rápida expansão não é resolvido pensando que é mais jovem. Por exemplo, foi descoberto que algumas das estrelas mais antigas do universo se formaram há mais de 13 bilhões de anos atrás. Pelas estimativas mencionadas, isso significa que as primeiras estrelas são mais antigas que o próprio universo, o que não é possível. Em vez disso, é mais provável que o universo tenha começado a se expandir mais rapidamente em algum momento do passado, por razões que ainda não sabemos.

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